terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dossiê do pessoal do cinema? Será que sai?

Para quem observa simultâneamente os mais diversos campos da sociedade, algumas conclusões não passam de especulação, outras, mais tarde se confirmam ou, ao menos, a gente encontra alguém que pensou a mesma coisa.

A escolha da produção brasileira, para nos representar no Oscar 2011 pode juntar cultura e política e já está dando o que falar. "Lula, o Filho do Brasil", de Fábio Barreto foi decisão unânime de uma comissão formada por nove pessoas especializadas em cinema.

Como todos sabem, estamos em período eleitoral e a candidatura de Dilma como sucessora de Lula pelo PT e isso, é claro, será entendido como algum favorecimento e tal... A postura do PSDB tem sido a de cavar buracos, jogar os tucanos lá dentro e depois pedir socorro dizendo que foi o PT que os empurraram.

Assim como eu pensei, hoje a jornalista Thea Tavares postou o seguinte no Twitter:


E no link, estava uma matéria do Terra Magazine, que tem uma entrevista de um membro da comissão que escolheu o filme que conta a história do presidente Lula. Reproduzo aqui para os queridos e queridas do Boteco comentarem o assunto...

Será que sai um dossiê do pessoal do cinema?rsrsrs

Terra Magazine - Por que a escolha de Lula, o Filho do Brasil?
Jean-Claude Bernadet - A comissão se perguntou em função de que critério trabalhar e o critério foi o filme da lista que fosse o mais suscetível de provocar uma reação no exterior. Que fosse suscetível de emplacar no exterior. Nós resolvemos que, finalizadas as indicações e os votos, a comissão consideraria como unânime, embora outras pessoas pudessem gostar de outros filmes. Houve um critério de que estávamos diante de um ato de política cinematográfica, e não de política partidária. Diante da nossa lista, não tínhamos nenhum filme com um grande ator, um grande diretor, uma grande temática. Era meio previsível que isso acontecesse. E foi dito que seríamos nós eleitores da Dilma, o que não é verdade. Você pode escrever isso. Não quer dizer que os membros da comissão sejam eleitores da Dilma. Alguns, suponho, sejam. Mas mesmo os que eventualmente não sejam reconheceram a situação.
Os outros filmes eram fracos?
Um pouco... Tem até alguns filmes que são... Não é que são fracos, tem até alguns que eram bons. Mas qual filme vai chamar atenção sobre o cinema brasileiro? Qual vai atrair uma certa curiosidade? É um ato de política cinematográfica. Não havia muita escolha.
Em entrevistas, a produtora do filme reclamou que pouca gente discutiu a qualidade do filme e só falou dele pensando em política. É um filme de boa qualidade?
É um melodrama e funciona enquanto melodrama. Agora, dizer que seja o tipo de cinema de que eu gosto, não vou dizer isso. Mas é um filme competente, sim. É um filme que faz as pessoas chorarem em certas cenas. É um melodrama e foi feito para isso. Isso não é um pecado. A nossa preocupação foi eventualmente indicar um filme de que pudéssemos gostar mais e isso cair no vazio.
O que é um filme que tem apelo para o Oscar?
É um filme o qual o produtor pode chamar gente, convidar para uma sessão especial. E claro que isso funciona. Pode fazer um coquetel. É claro que isso funciona! Aliás, é feito nessa base. Tem toda uma campanha antes para as indicações. Então a gente se perguntou qual o filme que tinha mais condições para enfrentar essa batalha. Porque é realmente enfrentar uma batalha. É uma gigantesca máquina.
Mas foi pensado se essa notícia, por exemplo, poderia ter impacto a tão poucos dias da eleição?
Não tem influência. Agora, é claro que a crítica vai nos considerar como "intelectuais a reboque do Lula", "do autoritarismo do Lula". Mas a gente perguntou isso também. Não tinha concorrentes. Nem posso dizer que a decisão me agrade, mas dentro de uma situação concreta, acho que é a decisão correta.
Hoje nós já podemos dizer que o cinema brasileiro está mais plural, existem tendências bastante diversas. Se não é essa a tendência que lhe agrada, qual você acha que representa melhor o Brasil atualmente?
Eu não vou responder a essa pergunta porque isso envolveria filmes que estavam inscritos. Uma das coisas que foram ditas é que essas inscrições realmente revelavam uma pluralidade, uma diversidade etc. Eu, pessoalmente, dentro disso, tenho algumas preferências, mas seria incorreto eu dizer isso agora porque isso seria revelar algumas discussões que houve. Agora, eu claramente sou a favor de um cinema bastante radical. Eu acho que o cinema tem, sim, que virar indústria. Não sou contra a Globo Filmes, mas tem filmes pelos quais eu batalho. Eu vou fazer o próximo filme do Kiko Goifman como co-roteirista e como ator. Eu pessoalmente não sou o Lula, você está entendendo?
Tem que ser uma escolha racional, não é?
Pois é.
Muito obrigada, professor. Tem algo mais que o senhor gostaria de acrescentar?
Acho que não. Eu estou só esperando a reação do PSDB. Acho que eles vão montar um dossiê... (risos). Vão dizer que, sei lá, recebemos por fora uma propina, não é? Mas é isso, a gente pensou nisso. Não foi citado o PSDB, mas a decisão considerou a situação em que nós estamos. Então, fomos honestos. Mesmo que pedras vão nos cair sobre a cabeça.

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